1 The Way of Touki Qui Jan 16, 2014 6:48 pm
The Maggot
Animanger
Capítulo 1:
Capítulo 2:
Capítulo 3:
Capítulo 4:
Capítulo 5:
Capítulo 6:
Capítulo 7:
Capítulo 8:
- Spoiler:
- A história começa numa 6ª feira, numa escola.
Ouve-se o toque da saída e Kazuo sai da sala de aula. Ao chegar ao exterior da escola, depara-se com um grupo, que começa a olhar para ele com um ar gozão, mas ignora-os e segue o seu caminho.
Quando chega ao pé de casa, um miúdo passa por ele e dá-lhe um caldo, fugindo imediatamente.
Kazuo: Um dia...!
Kazuo entra em casa e dirige-se imediatamente ao seu quarto, onde larga a sua mochila e começa a ler manga.
Kazuo: Se eu ao menos conseguisse fazer isto...
Terminada a leitura, Kazuo liga o computador.
Kazuo: Deixa ver o que é que encontro...
Este começa a procurar formas de energia
Kazuo: Só energias renováveis... Não é nada disto que eu quero.
Após algumas páginas,
Kazuo: Assim não vou encontrar nada.
Mas quando olha para o fundo da página,
Kazuo: Touki? Isto não é nenhuma energia renovável. Deixa cá ver.
Ao clicar, aparece-lhe uma morada
Kazuo: Deixa apontar aqui... Amanhã vou lá
Este agarra numa caneta e aponta a morada num papel. Nesse preciso momento, o seu irmão mais velho chega
Hajime: Kazuo! Deixa-me ir para aí!
Kazuo fecha imediatamente a "janela" e sai do computador.
No dia seguinte, Kazuo, de papel na mão, vai à procura da morada, até que se depara com uma casa aparentemente pequena.
Kazuo: Deve ser aqui...
E bate à porta. O que o espera dentro dessa casa? Não percam o próximo capítulo!
Capítulo 2:
- Spoiler:
- Kazuo bate à porta, abre-a e entra. Dentro de casa, sentia-se um cheiro estranho.
Kazuo: Está aí alguém?
No outro lado da casa, viu a sombra de um homem a meditar
Kazuo: Vi um anúncio na net em que estava esta morada.
O homem interrompe a meditação e começa-se a aproximar
???: Vieste aprender a usar o teu touki?
Kazuo: Sim.
O homem chega ao pé de Kazuo e começa a fazer uma análise detalhada de Kazuo
Kazuo: ?
???: Hm... És do tipo "fechado", muito provavelmente és gozado ou até mesmo mal-tratado e fartaste-te dessa situação. Ah, e vês animes ou lês manga.
Kazuo: Mas como?!
???: A tua postura diz tudo. Quanto à última parte, foi uma suposição, tendo em conta o resto, mas, pela tua reacção, estou a ver que acertei.
Kazuo: Pode-me ensinar a usar touki?
???: Depende. Estás disposto a fazer o que for necessário? Seja o que for.
Kazuo: Sim!
???: Tens noção de que não podes usar isto em circunstâncias normais, certo? Se me chegar aos ouvidos que andaste à porrada com alguém e usaste touki, nem te atrevas a meter mais aqui os pés. Só o podes usar, se fores atacado por alguém que também saiba usar. Entendido?
Kazuo: Sim...
???: Sendo assim, vou-te ensinar. Como é que te chamas, já agora?
Kazuo: Kazuo. Takeda Kazuo.
Noburo: Kazuo... O meu nome é Noburo. Fujimoto Noburo. Senta-te aí, Kazuo. Vou buscar uma coisa.
Kazuo senta-se e começa a olhar à sua volta, acabando por reparar num pequeno pau de incenso.
Kazuo: Então era daí que vinha o cheiro...
Noburo chega, com outro pau de incenso na mão, e mete-o a arder.
Noburo: Só agora é que reparaste no incenso? Ajuda a relaxar a mente, facilitando assim a meditação.
Kazuo: O que é que vou ter que fazer?
Noburo: Por agora, vais ter que meditar.
À medida que vamos crescendo, por causa das regras que nos são incutidas pela sociedade, a nossa sensibilidade à energia vai reduzindo, acabando por se tornar quase nula. Antes de te ensinar a usar o teu touki, vou ter que despertar a tua sensibilidade, enviando-te uma parte do meu touki.
Kazuo: Estou a ver...
Kazuo começa a meditar e logo Noburo senta-se ao lado dele, começando, também, a meditar. Uma pequena aura surge à sua volta, e logo, este, encosta a sua mão à testa de Kazuo, começando a transmitir-lhe alguma energia.
Kazuo: (Que sensação estranha... Tão tranquilizante...)
Passados 10 minutos,
Noburo: Por hoje é tudo. Depois de amanhã, vem cá para começarmos o treino.
Kazuo: Obrigado por tudo!
Kazuo sai e volta a casa.
Kazuo: (Como será o uso do touki? Poderei voar? Poderei provocar explosões? Poderei transformar-me? Mal posso esperar...)
Kazuo chega a casa e tira os sapatos.
Kazuo: (Está calor aqui! Dói-me a cabeça!)
Mal chega ao seu quarto, Kazuo cai.
O que será que Noburo fez a Kazuo? Terá mesmo despertado o seu touki? Ou terá sido tudo isto uma farsa?
Não percam o próximo capítulo!
Capítulo 3:
- Spoiler:
- Depois de um longo dia de trabalho, Hajime voltou para casa exausto, ligou o ar-condicionado, tirou o casaco e guardou a mala.
Em seguida ele foi preparar o jantar e chamou Kazuo para pôr a mesa.
Hajime: Kazuo, vai pôr a mesa!
Hajime chamou o seu irmão mais novo com um enorme grito, mas este não lhe respondia.
O irmão mais velho estranhou e dirigiu-se ao quarto de Kazuo
Hajime: Mas estás surdo?!
Quando abriu a porta, viu o seu irmão inconsciente e a ferver.
Rapidamente, Hajime colocou-o na cama e foi buscar o termómetro
Após medir a intensa febre de Kazuo, o seu irmão impressionou-se ao ver o resultado: 42ºC.
Hajime: Não pode ser... isto é grave!
Hajime foi buscar uma caixa de comprimidos de ibuprofeno e meteu um na língua do seu irmão, dando logo a seguir um pouco de água para empurrar o comprimido.
Logo, Hajime apagou a luz e fechou a porta do quarto com uma expressão pensativa.
Hajime: (Passou-se alguma coisa... Ele não ia ficar com uma febre tão grande assim do nada...)
Dois dias depois, por volta das 17 horas, Kazuo abriu os olhos e sentia-se bem disposto, sem qualquer sinal de febre.
Kazuo: Que estranho... A ultima coisa de que me lembro é chegar a casa depois daquele treino com o Noburo... Agora acordei e não me lembro do que se passou depois disso...
Kazuo logo olhou para a data e a hora no seu telemóvel
Kazuo: O quê?! Dormi 2 dias?! Bem, as horas que são, as aulas já estão a acabar. Vou mas é aproveitar e passar pela casa do Noburo! Ele disse-me para ir lá hoje.
Rapidamente Kazuo saiu apressado da cama, aprontou-se à pressa e saiu de casa, em direcção à casa de Noburo.
Ao chegar ao seu destino, Kazuo abriu a porta, tirou os sapatos, entrou silenciosamente e viu o mestre de "Touki" a meditar, como de costume.
Noburo: Estou a ver que já recuperaste. Vamos lá começar o treino então... O treino de hoje será tão importante quanto o do outro dia.
Kazuo: Recuperei? Como sabe?
Noburo: Na maior parte das vezes, quando a sensibilidade espiritual de alguém é despertada, essa pessoa fica com febres altíssimas e, em alguns casos, para além disso, também começam a sangrar bastante do nariz.
Kazuo: Porque é que não me avisou?
Noburo: Disseste que ias fazer isto, independentemente do custo, certo? Para além disso, esqueci-me
Kazuo:
Kazuo sentou-se ao lado de Noburo e logo o seu mestre levantou-se e foi buscar uma pedra.
Pega nesta pedra e concentra-te o máximo que conseguires, Kazuo...
Kazuo, extremamente concentrado, começou a meditar. Noburo conseguia ver a aura do seu aluno, mas nada aconteceu.
Noburo: (Estranho... Não está a acontecer nada... Será...?)
Noburo pousa a mão no seu ombro e Kazuo perde a concentração.
Noburo: Mantém-te concentrado.
Kazuo volta-se a concentrar.
Kazuo: Que sensação é esta? É um bocado estranha...
De repente Kazuo começou a absorver uma porção minúscula da energia do seu mestre e todas as informações sobre Noburo começaram a surgir na memória de Kazuo, como se ele já soubesse de tudo.
Kazuo: Wow...
Noburo: Estás a sentir alguma coisa?
Kazuo: Na sua adolescência, era um pervertido de primeira...
Surpreendido e, ao mesmo tempo, envergonhado, Noburo tira imediatamente a mão do ombro de Kazuo.
Noburo: Mas que raio?! Como é que sabes disso?
Kazuo: Surgiu-me na mente, como se eu tivesse estado lá a observar tudo.
Noburo: Bem, acho que já percebeste qual é o teu estilo, certo?
Kazuo: Que estilo?
Noburo: Não pesquisaste nada sobre Touki, ou não encontraste nada? De qualquer forma, vou-te explicar.
No Touki existem 4 estilos básicos: a materialização, que te permite criar qualquer objecto; a explosão, que te permite atirar quantidades concentradas de touki, que explodem quando entram em contacto com o teu adversário;
Kazuo: Como eles fazem no Dragon Ball?
Noburo: -.-' Pode-se dizer que sim...
Continuando, tens também o controlo, que te permite controlar pessoas, animais, sem que eles se apercebam, ou seja, dás a ordem e é como se eles ficassem mesmo com uma grande vontade de fazer o que disseste, sem saberem que aquilo lhes foi "impingido"; E, por fim, o fortalecimento, que te permite fortalecer determinadas áreas do teu corpo, através da concentração de Touki nesses pontos. Por exemplo, ao concentrares nas pernas, consegues saltar bem mais alto, correr mais rápido... Entendes?
Kazuo: Incrível... Parece que estou mesmo dentro de um manga.
Noburo: Mas atenção! No caso de alguns utilizadores de Touki, existe uma nova categoria fora dessas 4 básicas! Refiro-me aos "especiais", que são casos algo raros, em que cada um tem uma habilidade única. Pelo que pude ver, penso que tu encaixas nesta categoria.
Bem, por hoje, a aula está terminada! Amanhã começarás a treinar com os restantes, para dominares a tua habilidade. Aconselho-te a descansar bem. O uso de Touki desgasta-te muito. Principalmente, quando ainda não o dominas.
Kazuo: Obrigado por tudo!
Kazuo sentiu-se um pouco estranho, mas voltou para casa calmamente.
Kazuo já tem uma pequena noção da sua habilidade e até a pôs em prática! Mas conseguirá dominá-la com facilidade ou nem por isso? O que o espera ao chegar a casa? Silêncio, ou um sermão do irmão?
[DB mode] Não percam o próximo capítulo, porque nós também não! [/DB mode]
Capítulo 4:
- Spoiler:
- Kazuo entra em casa e respira de alívio ao não ver os sapatos do irmão.
Kazuo: Ufa... Estou safo...
Após largar os seus sapatos, sobe as escadas até ao seu quarto, onde se depara com um homem moreno, de cabelos cor de laranja, sentado no tapete, virado para a porta, bem no centro do quarto. Era a pessoa que menos lhe convinha encontrar naquele momento: o seu irmão!
Hajime: Posso saber onde foste?
Surpreendido, o estudante fica sem reacção perante a presença de Hajime, que, bastante preocupado, levantou-se e deu início ao sermão.
Kazuo: Eh...
Hajime: Mas tu estás doido?! Anteontem estavas cheio de febre, com 42ºC, passaste dois dias inteiros a dormir, e agora acordas e sais como se não fosse nada?!
Apesar de ter perfeita noção do que se passou, Kazuo fingiu não saber de nada e até mostrou alguma curiosidade.
Kazuo: Foi isso que se passou? Eu bem que me senti fraco e com calor quando estava a chegar a casa...
Já agora, não era suposto estares a trabalhar a esta hora?
Hajime: Estou de folga, mas mesmo que não estivesse, achas mesmo que ia trabalhar e te deixava aqui sozinho nesse estado?
Kazuo: Mas eu não te vi quando acordei.
Hajime: Como a tua temperatura parecia ter estabilizado, passei um pouco pelas brasas. Não dormi grande coisa durante a noite.
Kazuo: E os teus sapatos?
Hajime: Estão para lavar.
Kazuo deita as mãos à cabeça, mas Hajime tira-as e mete a sua na testa do seu irmão mais novo
Hajime: Parece que a febre passou. Mas hoje não metes os pés no computador.
Kazuo: Ok...
Terminado o sermão, Hajime sai do quarto do seu irmão mais novo. Já a sós, Kazuo dirige-se à sua cama, onde se deita pensativo
Kazuo: (Estranho... Não consegui usar o meu touki no Hajime... Será que não é possível usar em quem não sabe usar touki? Tenho de perguntar amanhã ao Noburo...)
No dia seguinte, Kazuo já foi às aulas. Mal o toque da saída soou, o estudante saiu da sala a correr, acabando por esbarrar contra outro aluno que ia a passar. Porém, devido à sua figura frágil, só Kazuo caiu.
?: Ei! Vê lá por onde andas!
Assustado, Kazuo apanha rapidamente as suas coisas, levanta-se e sai dali a correr, mas agora com mais atenção, para a situação não se repetir.
Kazuo: Desculpa! Estou com pressa!
Ao chegar ao portão da escola, este abranda um pouco o passo.
Kazuo: Não apareceram. Bem, ainda tenho algum tempo para lá chegar, portanto vou nas calmas.
E seguiu o seu caminho, para casa de Noburo. Porém, ao virar da esquina, tropeça no pé de alguém.
?: Então, Kazuo? Já te ias embora sem dizer olá aqui ao teu amigo?
Ao olhar para cima, Kazuo vê um rapaz da sua idade, de estatura média e cabelo castanho escuro. Era a pessoa de quem o estudante fugia, um dos seus agressores, Moriko.
Kazuo: Moriko!
Moriko: Já estava a ficar preocupado, visto que não vieste ontem e ainda não te tinha visto hoje.
Kazuo fica em pânico, mas tenta escondê-lo
Kazuo: Ontem não pude vir. Passei o fim-de-semana doente.
Moriko: Se vieste à escola é porque já estás curado, certo?
Kazuo: Sim.
Moriko: Ainda bem...
De repente, a expressão de Moriko muda e este atinge Kazuo com um gancho de direita na cara, que lança a sua vítima ao chão.
Moriko: Se já estás curado, então estás em condições de servir de saco de pancada.
Dito isto, o bully desata aos pontapés no corpo caído de Kazuo, que começava a gritar de dor. Lágrimas começavam a escorrer dos olhos azuis do jovem estudante ruivo. Como resultado dos ataques ocorridos em dias anteriores, as zonas atingidas pelos pontapés de Moriko estavam negras, pelo que a dor sentida pela vítima era maior do que o normal.
Moriko: Um saco roto não serve de nada, então é preciso cuidar bem dele.
Vinda do nada, uma pequena pedra atinge a nuca de Moriko.
Moriko: Mas que...
Ao virar-se, Moriko vê um rapaz moreno, de cabelo preto comprido.
Moriko: Também queres levar?
?: Se conseguires.
O "salvador" de Kazuo começa a caminhar tranquilamente em direcção ao estudante caído.
Moriko: Seu... Não digas que não te avisei!
O bully começa a correr em direcção ao rapaz, porém, quando desfere um soco, vê o seu golpe a ser facilmente contra-atacado. Tal contra-ataque foi o suficiente para o deixar estendido no chão.
?: Sou capaz de ter exagerado um pouco na força...
Kazuo abre os olhos e surpreende-se com a primeira imagem que vê.
Kazuo: Tu...?!
?: Heh... Duas vezes que te vejo e duas vezes que estás no chão. Deves passar aí a vida.
Com a ajuda do rapaz, Kazuo levanta-se.
Kazuo: Obrigado...
Iwao: Iwao. Yamamoto Iwao.
Kazuo: Eu sou o Kazuo. Takeda Kazuo.
O jovem olha para o relógio.
Kazuo: Já estou atrasado!
Mas ao tentar correr, Kazuo começa-se logo a ressentir dos pontapés que levou. Como que de frete, Iwao vira-se para Kazuo
Iwao: Onde é que queres ir? Dou-te uma ajuda até lá.
Kazuo e Iwao seguiram o seu caminho até à casa de Noburo.
Kazuo: É aqui.
Iwao: Aqui?! Tens a certeza?!
Kazuo: Sim.
Os dois entram e sentem logo o cheiro do incenso no ar. Um pouco mais à frente vêem um homem de estatura média, com cabelos cinzentos e curtos, a meditar ao lado de um rapaz de pele bastante branca e cabelo branco e comprido, numa espécie de altar coberto de velas.
Iwao: Mestre, trouxe-lhe uma encomenda danificada.
Noburo interrompe a meditação, levanta-se e vira-se para os dois, apenas para se surpreender com o estado em que Kazuo se encontra.
Noburo: Kazuo?! Iwao, o que é que se passou?
Iwao: Eu vinha a caminho e encontrei-o a ser espancado por outro tipo.
Noburo: Estou a ver...
Iwao: Ele é seu aluno? Perguntei-lhe onde é que ele queria ir e ele indicou-me o caminho para aqui.
Noburo: Ele é o meu novo discípulo. Acabou de passar pela iniciação.
Iwao: Ah ok...
Já com a sua expressão normal, Noburo chama o seu outro discípulo.
Noburo: Hayato! Podes parar.
O jovem levanta-se e, ao virar-se, deixa Kazuo surpreendido. Este não consegue disfarçar o espanto.
Noburo: Pela tua reacção, deves ter reparado no olho dele.
Kazuo: Um é amarelo, mas o outro é todo branco... Aconteceu-lhe alguma coisa?
Noburo: Esse é o meu filho, Hayato. Ele é cego de um olho. Mas isso é uma longa história. Depois ele conta-te, se quiser.
Hayato, trata dos ferimentos dele, se faz favor.
Hayato: Tenho mesmo que tratar deste fracote?
Noburo: Faz o que eu te digo! A partir de hoje, ele será teu colega.
Com um ar de desprezo, Hayato agarra em Kazuo e leva-o para uma pequena sala, deixando Noburo a sós com Iwao.
Noburo: Este feitio... Sai mesmo à mãe...
Mudando de assunto, não usaste, pois não?
Iwao: Não foi necessário. O outro tipo era normal.
Noburo: Fizeste bem.
De repente, Iwao lembra-se de algo.
Iwao: Já agora, qual é a categoria dele?
Noburo: Ainda não tenho a certeza. Ele conseguiu usar o meu poder.
Tal revelação surpreende Iwao.
Iwao: O seu poder?!
Noburo: Sim. Mas isso é algo que ainda vamos ter que testar, para ver se é mesmo isso ou se há algo mais. Quando o Hayato terminar de o tratar, experimentamos.
Por agora, vai tu treinar.
Iwao: Sim, senhor!
Iwao empurrou uma tábua por baixo do tapete onde Noburo e Hayato meditavam e desceu as escadas que aí estavam escondidas.
Noburo: (Se for o que eu estou a pensar, então vai ser interessante...)
Capítulo 5:
- Spoiler:
- Entretanto, numa sala pequena, Hayato, com o seu ar de desprezo, tratava de Kazuo.
Hayato: O corte no sobrolho já está fechado. Tira a camisola.
O ruivo tira a camisola e o filho de Noburo surpreende-se ao ver o corpo deste cheio de hematomas.
Hayato: Levas assim tanta porrada dos tsukarete?
Kazuo estranha o termo usado por Hayato.
Kazuo: Tsukarete?
Hayato: Sim, tsukarete. Os que não sabem usar touki.
Kazuo: Ah...
Kazuo baixa um pouco a cabeça.
Hayato: Se és assim tão fraco, então não vais aguentar aqui muito tempo. Desiste enquanto vais a tempo.
Hayato agarra num saco de gelo e dá-o a Kazuo.
Hayato: Mete o gelo directamente nos hematomas por breves momentos e vai trocando.
Kazuo: Ok. Obrigado.
Hayato já se preparava para sair, quando é abordado por Kazuo.
Kazuo: Olha...
Hayato: O que foi?
Kazuo: O teu pai falou-me nas várias categorias de touki. Qual é a tua?
Hayato: Depois vês. Isto é, se aguentares até lá.
O filho de Noburo vira-lhe as costas e sai da sala. Já na divisão principal,
Noburo: Então? Como é que ele está?
Hayato: Fechei o corte no sobrolho, mas está carregado de hematomas. É demasiado fraco, mesmo para um tsukareto. Não vai durar muito.
Noburo: Achas? É algo que vamos ver, com o tempo.
Hayato: Qual foi o resultado do teste dele?
Noburo: Inconclusivo.
Hayato estranha tal resultado.
Hayato: Inconclusivo?
Noburo: Sim. Só sei que ele se encaixa na categoria especial.
Hayato: Mas não houve nenhum vestígio?
Noburo conta ao seu filho o que se passou e, também, as suas suspeitas em relação ao poder de Kazuo.
Noburo: Por agora são só suspeitas. Só terei a certeza quando ele começar a treinar convosco.
Hayato: De qualquer forma, isso não lhe vai chegar. O físico dele é demasiado débil.
Noburo: Sim, mas isso é algo que vamos trabalhar. Ainda vou ter que analisar bem o corpo dele, para definir o tipo de treino que lhe vou dar. Mas para isso ele vai ter que recuperar primeiro. Quando acabar o treino, vou pedir ao Iwao para começar a acompanhá-lo, para ele não levar mais tareias destas. Agora ainda vai ter que treinar o touki, mas depois vai começar com o treino físico, e aí ele tem que estar em condições.
Hayato: Já perdi muito tempo em volta dele. Vou para o dojo.
Noburo: Sim, vai lá. Eu vou ver como ele está.
Hayato desce até ao dojo e, logo a seguir, Noburo vai ter com o seu mais recente discípulo.
Noburo: Então, como é que isso vai?
O mestre de touki vê o estado de Kazuo.
Noburo: Bem, o Hayato não exagerou nada em relação ao teu estado. Ainda não é desta que te vais juntar a eles nos treinos. Mas assim também aproveitamos para trabalhar o teu domínio sobre o touki.
De repente, Kazuo lembra-se de algo.
Kazuo: Antes que me esqueça, tenho uma dúvida!
Noburo: Desembucha.
Kazuo: É possível aplicar o que vimos ontem em alguém que não usa touki?
A expressão de Noburo muda para uma mais séria e este responde num tom mais assertivo.
Noburo: A leitura? Sim, embora não se deva fazer por diversão ou curiosidade. No final de contas, estás a invadir a privacidade da pessoa em questão.
Kazuo: (Então porque é que não consegui?)
Noburo: Antes que te ponhas com ideias, não te esqueças de uma coisa! Enquanto não dominares o touki, só tens autorização para o usar aqui!
Hoje foca-te na meditação. Tens que te habituar à circulação do touki no teu corpo. De início, ele circula descontroladamente, então acabas por te cansar muito mais rápido.
Kazuo: Não estabilizou durante o tempo em que fiquei de cama?
Noburo: Um pouco, mas só o suficiente para não pôr em risco a tua saúde. Aquilo por que passaste enquanto estiveste de cama é o resultado de um descontrolo extremo no teu sistema energético. A temperatura do teu corpo só baixou quando o teu fluxo de touki estabilizou um pouco, mas ainda está bastante descontrolado. Quando o conseguires estabilizar, começaremos o treino físico.
Só com o sistema energético bem controlado é que consegues levar o teu corpo ao limite.
Kazuo fica meio que sem jeito.
Kazuo: Eh, mas isso ia adiantar alguma coisa no meu caso? É que eu não sou propriamente um atleta nato.
Noburo: Por isso é que, mal possas, começarás a treinar sob um plano de treino físico intensivo e uma dieta rígida. Até lá não vale a pena, visto que não estarás a usar todas as tuas capacidades.
Kazuo: Dieta? Não estou suficientemente magro?
Noburo deita a mão à cabeça e respira fundo.
Noburo: Não é desse tipo de dieta que eu falo. É o oposto. Será uma dieta saudável que te ajudará a tirar o máximo de frutos possível do treino. Mas depois falamos nisso. Até lá ainda tens tempo.
Estafado, Iwao regressa do dojo, apoiado no ombro de Hayato, com uma expressão pálida.
Noburo: Iwao, Hayato, bom timing. Cheguem aí, para vermos aquilo de que falámos.
O filho de Noburo larga o seu colega e este, esgotado, cai para o lado. Preocupado, Kazuo vai logo ter com ele, para ver como está.
Noburo: Querias treino intensivo, aí o tens.
Kazuo fica assustado ao ouvir as palavras do seu mestre de touki.
Kazuo: Depois do treino intensivo também vou ficar neste estado?
Noburo responde-lhe num tom relaxado.
Noburo: Quem sabe... Talvez fiques assim, talvez fiques inconsciente...
Já num tom um pouco mais sério,
Noburo: Bem, já que o Iwao está nesse estado, Hayato, vou precisar da tua ajuda.
Kazuo: Vamos ver o quê?
Noburo: A verdade sobre o teu poder.
Kazuo estranha tal afirmação.
Kazuo: A verdade sobre o meu poder?
Noburo: Sim. Ainda tenho algumas dúvidas, então quero esclarecê-las agora.
A verdade sobre o poder de Kazuo! Fiquem atentos, pois será revelada no próximo capítulo!
Capítulo 6:
- Spoiler:
- Segurando a cabeça de Iwao, Kazuo começa a olhar à sua volta.
Hayato: Estás a dormir? Mexe-te! Ou mudaste de ideias?
Noburo: Podes largá-lo. Ele fica sempre assim quando treina intensivamente. Daqui a nada já acorda. Vai lá para ao pé do Hayato.
Kazuo: Ok.
Kazuo pousa cuidadosamente a cabeça de Iwao e dirige-se a Hayato.
Noburo: Muito bem, comecemos. Hayato, concentra um pouco o teu touki. Não é preciso usares o seu poder, basta deixares que ele flua livremente.
Numa questão de dois segundos, o filho de Noburo faz sinal ao seu pai, que atirou uma pedra para a mão do seu mais recente discípulo.
Noburo: Kazuo, põe uma mão no ombro dele e concentra-te, como fizeste comigo.
E assim foi. Kazuo seguiu as instruções do seu mestre e, com os olhos fechados, mantendo-se concentrado, pôs a sua mão livre no ombro de Hayato. Mal a aura do ruivo se manifestou, uma pequeníssima fracção da energia de Hayato foi sugada pela mesma e a pedra na mão de Kazuo despedaçou-se.
Naturalmente, o jovem impressionou-se com o sucedido e abriu logo os olhos.
Noburo: Parece que as minhas suspeitas se confirmaram. Hayato, como é que te sentiste no momento?
Hayato: Da mesma maneira que tu.
Kazuo: O que é que foi isto?
Noburo: Kazuo, tens um poder bastante interessante. Basicamente, quando te concentraste, uma porção minúscula da energia do Hayato foi sugada por ti, e logo após isso, o teu touki agiu como se fosse da categoria de fortalecimento, que é a categoria em que o touki do Hayato se encaixa.
Kazuo: Então o meu touki é como um camaleão?
Noburo: Hm, eu não iria bem por aí, mas de certa forma, sim. Apesar das circunstâncias serem diferentes, enquanto que os camaleões mudam a sua cor, o teu touki muda de categoria.
(Hm... Deixa ver até que ponto é que ele consegue usar a sua habilidade...)
Noburo atira outra pedra a Kazuo.
Noburo: Mas ainda não estou totalmente esclarecido. Experimenta agora sem tocares em ninguém.
Kazuo apanha a pedra e, sozinho, após fechar novamente os olhos, começa-se a concentrar. Sob o olhar atento de Noburo e Hayato, a sua aura forma-se.
Kazuo: (Parte-te... parte-te...)
Porém, a pedra mantinha-se intacta.
Noburo: ...
Hayato: Já era de esperar. Ele só se tornou num tsukaito há dois ou três dias.
Noburo: Sim, é normal. Foi só mesmo para evitar surpresas. Kazuo, podes parar!
A aura de Kazuo desaparece e este abre os olhos. Era visível a desilusão do rapaz.
Kazuo: É normal eu ainda só conseguir fazer isto dependendo dos outros?
Noburo: Sim. Como o Hayato disse, a tua iniciação foi há muito pouco tempo, e ainda não treinaste nada.
Kazuo: Então se eu começar a treinar, a determinada altura deixarei de depender dos outros para conseguir usar o meu touki?
Perante a pergunta do seu aluno, Noburo fica com uma expressão um pouco mais séria.
Noburo: Não tenho certezas nenhumas a respeito disso, mas creio que sim. Por agora tens que estar a tocar na pessoa e ela tem que estar a usar o seu touki, mas com treino, deves começar a conseguir usá-lo à distância. Quem sabe, talvez possas vir a conseguir usar o touki dos outros contra eles sem eles se aperceberem. Tudo isso dependerá do teu controlo e da evolução da tua capacidade de absorção.
Kazuo: Estou a ver...
Hayato aproveita logo a situação.
Hayato: Eu disse que isso não lhe ia chegar. Ainda por cima o físico dele é demasiado débil. Ele teria que andar sempre colado a mim para ter como combater, e eu não tenho paciência para andar a servir de baby-sitter dele.
Noburo: Nem isso vai ser necessário. Bem, por hoje não há muito mais a fazer. Volta amanhã, para começares o treino de domínio do touki. Consegues ir sozinho até casa?
Kazuo: Sim, não é muito longe daqui.
Noburo: Então vai lá. Vê se descansas!
Kazuo veste a camisola e sai de casa de Noburo.
Kazuo: Até amanhã!
Mal o seu aluno sai, o mestre de touki começa logo a demonstrar algum entusiasmo, apesar do pessimismo do seu filho.
Noburo: Tenho em mãos um diamante por lapidar. Quero ver até onde é que esta habilidade dele o vai levar.
Hayato: Mesmo com aquele corpo?
Noburo: O corpo não é problema. Quando ele estiver totalmente recuperado, farei uma análise da estrutura óssea e muscular dele e desenvolverei um bom plano de treino para corrigir isso. Agora se é bem ou mal-sucedido, isso dependerá da determinação dele...
Lentamente, Iwao começa a abrir os olhos e a tentar levantar-se.
Noburo: Ah, Iwao, já recuperaste.
Hayato: Bem, vou retomar o meu treino. Tive que o interromper por causa desse zombie que está aí no chão.
Apesar da sua condição física, o temperamento de Iwao leva a melhor e este levanta-se num instante, apenas cair novamente.
Iwao: A quem é que estás a chamar zombie?! Tens cá uma moral para falar! Logo tu, com essa pele pálida, que até parece ser de um morto!
Hayato vira as costas ao seu pai e ao seu colega e começa a caminhar em direcção às escadas, para regressar ao dojo.
Hayato: Bem, deixo aqui a criança contigo.
Iwao: Se eu sou uma criança, tu és o quê?! Devo-te lembrar que sou 2 anos mais velho que tu?!
Virando-se para Noburo,
Iwao: Sim, já descansei o suficiente, mestre. Levantei-me bruscamente, só isso.
O mestre de touki esboça um sorriso.
Noburo: Vejo que sim...
Ouviste o que se passou?
Iwao: Não. Apaguei por completo. As suas suspeitas sempre se confirmaram?
Noburo: Sim. Por isso é que vou precisar que me faças um favor.
Iwao fica um pouco mais sério.
Iwao: Quer que fique de olho nele?
Noburo: Sim, se não te estorvar muito. É só para evitar que a situação de hoje se repita, senão ele nunca mais recupera.
Para além disso, não é verdade que ainda não te dás com ninguém de lá? É uma boa oportunidade para começares a andar acompanhado e se conhecerem melhor.
Iwao: Como queira.
Noburo vê as pernas de Iwao, que acabara de se levantar novamente, a tremer.
Noburo: É melhor tomares suplementação, senão, com as pernas a tremer dessa maneira, ficas pelo caminho.
Apesar do conselho do seu mestre, o jovem tsukaito ignora-o.
Iwao: Eu aguento até lá. Bem, vou andando, mestre! Amanhã estou cá à mesma hora!
Porém, ao chegar à porta, o rapaz cai.
Noburo: Não sejas teimoso! Espera aí que já te trago um batido.
O mestre de touki desce as escadas até ao dojo, onde, num canto, tem um pequeno balcão, atrás do qual está um frigorífico, uma prateleira cheia de shakers e alguns bidões com de suplementos.
Noburo abre um dos bidões e retira a dose de suplementação que Iwao precisava, deita-a para dentro do shaker, enche-o de leite e fecha-o, regressando de seguida para ao pé do seu aluno.
Noburo: Toma.
Iwao: Obrigado.
Iwao começa a beber.
Noburo: Já te disse que escusas de te armar em forte. O teu corpo acaba por se ressentir e o teu esforço torna-se inútil.
Iwao: Não gosto de passar por fraco. No entanto ainda fico neste estado depois de um treino intensivo.
Noburo: Mas vais ficar sempre! Se não ficares é porque o treino não é intensivo!
Iwao: ...
Noburo: Agora acaba lá de beber isso e descansa um pouco. Só agora é que começou a anoitecer. Ainda tens tempo para ir para casa.
Entretanto, Kazuo chega a casa e vê os sapatos do seu irmão à porta.
Kazuo: Cheguei!
(Então foi por isso que não consegui usar aquilo no Hajime... Bem, tenho que descansar o máximo possível.)
Hajime espreita e repara no corte de Kazuo no sobrolho.
Hajime: Então, o que é que se passou?
Kazuo: O quê?
Hajime: O quê... Esse corte aí no sobrolho, o que é que haveria de ser?
Kazuo: Ah, isto... Foi um desentendimento.
Hajime: Um desentendimento... Algum que te deitou as mãos, é o que é!
Kazuo baixa a cabeça.
Hajime: Vê mas é se começas a treinar, senão vais passar a vida a levar porrada dos outros! Quando quiseres, já sabes, tenho uns pesos ali no meu quarto. Não tenho dinheiro para te meter num ginásio, portanto tens que te desenrascar com isso.
Kazuo: Essa situação não vai durar muito mais...
É verdade, ainda falta muito tempo para o jantar?
Hajime: Vou começar agora a tratar disso.
Kazuo: Vou dormir uma sesta então. Se for preciso, depois acorda-me, se faz favor.
Hajime: Está bem.
Um pouco aliviado, Kazuo começa a subir as escadas, para o seu quarto.
Kazuo: (Ele é que não viu as marcas que tenho pelo corpo todo, senão, aí é que se passava mesmo!)
No seu quarto, o mais recente tsukaito, ainda bastante dorido, deitou-se na cama, acabando por adormecer.
Capítulo 7:
- Spoiler:
- Uma hora depois, Hajime começa a chamar o seu irmão, como combinado.
Hajime: Kazuo!
Porém, este não ouve e continua a dormir.
Hajime: É sempre a mesma coisa. Primeiro que acorde...
O mais velho dos dois irmãos sai então da cozinha e sobe até ao quarto do mais novo, onde volta a chamá-lo, embora num tom mais suave.
Hajime: Kazuo. Estás a ouvir? Acorda, que o jantar está pronto.
Kazuo começa-se a mexer e, lentamente, acaba por abrir os olhos.
Hajime: Anda jantar.
Ainda meio sonolento, Kazuo levanta-se da cama.
Kazuo: Está bem. Vou só lavar a cara e já desço.
Com o seu irmão desperto, Hajime desce até à cozinha, enquanto que Kazuo vai à casa de banho lavar a cara.
Ao olhar-se ao espelho, o jovem vê o estado em que se encontra e, com alguma raiva, começa a cerrar os punhos.
Kazuo: Isto tem que acabar... Quando eu começar a treinar, ele vai ver...
Hajime: Adormeceste em pé ou quê?! Olha que o comer está a arrefecer!
Kazuo: Já vou!
De cara lavada, o tsukaito desce até à cozinha e senta-se à mesa, que já estava pronta, começando a servir-se.
Hajime: Já fiz a contar com o teu almoço de amanhã.
Kazuo: Ok.
Os dois começam a comer.
Hajime mantém um ar um bocado sério e, ao mesmo tempo, pensativo.
Hajime: Passou-se alguma coisa?
Kazuo estranha a pergunta do seu irmão.
Kazuo: Como assim?
Hajime: Não digo hoje, que isso eu sei bem o que se passou. Falo de anteontem.
Não é normal eu chegar a casa e encontrar-te estendido no chão a arder de febre. Estavas com 42ºC, o que é altíssimo.
Kazuo fica surpreendido pela pergunta do seu irmão e começa a pensar numa mentira.
Kazuo: (Não lhe posso contar a verdade.)
[b]No outro dia, um colega meu apanhou uma virose e teve que ir para casa. Acabou por faltar dois dias.
Deve-me ter passado antes de ir.
Hajime: (Hm... Ele está a mentir. Agora tenho a certeza de que se passou algo, mas, por agora, vou fingir que acredito.)
Estou a ver. E testes, já tiveste mais algum? Daqui a duas semanas entras de férias.
Kazuo lembra-se que, com todas aquelas idas a casa de Noburo, ainda não estudou nada para os testes que faltam.
Kazuo: Tenho dois esta semana.
Hajime: E estás pronto?
Kazuo: Ainda tenho que limar umas arestas.
(O mais certo é ter que fazer uma directa.)
Hajime: Quando é que é o primeiro?
Kazuo: 5ª feira.
Hajime: Depois de amanhã... E o outro é na 6ª feira então, certo?
Kazuo: Sim.
Hajime: Se ainda não estás bem pronto, então é bom que amanhã venhas para casa mais cedo e te agarres aos livros. Se chumbares, sabes o que acontece, certo?
Kazuo: Sim...
Hajime: Pronto. Lembra-te que daqui a duas semanas terás todo o tempo para fazeres o que quiseres, más se passares. Se chumbares, esse tempo será ocupado por um grande vazio.
Kazuo: ... Entendido.
Os dois acabam de jantar.
Hajime: Dá-me aqui uma ajuda com a loiça.
Kazuo pega na sua loiça suja e leva-a para o lava-loiças.
Kazuo: Bem, vou ver um filme, antes que se faça tarde.
Hajime: Algum que me interesse?
Kazuo: Não me parece. É de anime.
Desiludido com o facto de o seu irmão só ver anime, Hajime suspira.
Hajime: Tu e os animes...
Kazuo: Vou ver o último filme do Dragon Ball, Kami to Kami, que meteram há uns tempos na net. Inventaram uma nova transformação, o Super Saiya-jin God.
Mas ao contrário dos outros, este filme encaixa-se na história oficial, entre o fim da saga Buu e o torneio em que o Uub participa.
Ao ouvir "Dragon Ball", a expressão de desilusão de Hajime dá lugar a uma algo animada.
Hajime: O Kami to Kami já está na net?
Kazuo estranha a reacção do seu irmão.
Kazuo: Sim, já há algum tempo. Gostas de Dragon Ball?
Hajime: Claro. O que é que achas que eu via na minha infância? Dragon Ball, Saint Seiya, Rurouni Kenshinm Captain Tsubasa... São clássicos.
À medida que fui crescendo é que me fui afastando disso, quando me apercebi que começava a isolar-me um bocado. E nessa altura não tinha net, para ver online como tu fazes.
Kazuo: Então por isso é que estás sempre a reclamar...
Hajime: Claro. Nunca te vejo com ninguém. Estás sempre sozinho, a ver animes, apesar de andares a sair mais nestes últimos dias.
Esse vício dos animes, juntamente com a tua auto-estima baixa, fez com que te isolasses dos outros da tua idade, como eu já estava a começar a fazer na altura. Entretanto aconteceu aquilo que tu sabes, e aí é que parei mesmo.
Mas pronto, vai lá preparar o filme, que eu já vou ter contigo. Vou só lavar a loiça num instante.
Mais alegre, Kazuo sobe até ao seu quarto, onde liga o computador e deixa tudo a postos.
Alguns minutos depois, Hajime sobe.
Hajime: Está pronto?
Kazuo: Sim.
Sentado na cadeira, o irmão mais novo liga as colunas e põe o filme a reproduzir, enquanto que o mais velho senta-se na cama a ver.
Hajime: Vamos lá ver se, passados tantos anos, ainda sai alguma coisa de jeito.
Quase uma hora e meia depois, o filme termina.
Kazuo: Ficou fixe. É diferente do habitual.
Hajime: Tem algumas incoerências, mas no geral até gostei. A animação, o conceito de Hakaishin... Só não me agradou o facto do Super Saiya-jin God ser muito parecido com o Kaioken em termos de aparência. E aquele pormenor dos universos... Não sei se não vão explorar isso numa nova série...
Hajime olha para as horas e levanta-se.
Hajime: Bem, já é tarde. Deita-te, que amanhã tens que te levantar cedo. Vai, que eu vou fazer o mesmo.
O irmão mais velho desliga o computador e sai do quarto de Kazuo, que veste o pijama, apaga a luz e deita-se.
Capítulo 8:
- Spoiler:
- A escuridão da noite começa lentamente a desaparecer, dando lugar à luz solar, que anuncia a chegada de um novo dia. Porém, o silêncio mantém-se, até que é interrompido pelo barulho de uma explosão.
Kazuo salta da cama, devido ao estrondo, mas logo se acalma.
Kazuo: Ainda não me habituei a este despertador...
O jovem dirige-se à casa de banho, para lavar a cara. Ao abrir a porta, este sente um cheiro agonizante e desata a tossir, chegando quase ao ponto de vomitar. O seu irmão, que estava no rés-de-chão, ouve-o e lembra-se de algo.
Hajime: Estás na casa de banho? Mete aí um pouco de ambientador, que eu esqueci-me!
Kazuo sustém a respiração e rapidamente se livra do mau-cheiro que o agonizava
Kazuo: Ufa... Queres-me matar logo de manhã?
Hajime: Achas? As despesas do funeral viriam em má altura.
De cara lavada, Kazuo sai da casa de banho e desce as escadas até à cozinha.
Hajime: Toma!
Hajime atira um pacote de leite com chocolate para as mãos do seu irmão.
Kazuo: Obrigado.
O irmão mais novo começa a beber.
Hajime: Vê lá se mais logo te agarras aos livros. Não te esqueças que amanhã tens teste.
Kazuo: Eu sei.
Hajime olha para as horas.
Hajime: Bem, já está na hora.
O irmão mais velho pega na sua mala.
Hajime: Até logo.
Kazuo: Até logo.
E sai de casa. Enquanto isso, Kazuo termina de beber o leite e sobe ao primeiro piso, onde se dirige à casa de banho, para lavar os dentes. Aí, ao olhar-se ao espelho, repara em algo.
Kazuo: Eh? É impressão minha ou o corte está quase cicatrizado? Estranho...
O jovem lava os dentes e regressa ao seu quarto para se vestir. Após despir o pijama, o tsukaito fica surpreendido ao reparar também que alguns dos hematomas que tinha pelo corpo já tinham desaparecido, e que outros estavam quase a desaparecer.
Kazuo: Estou-me a curar bem rápido... Será por causa do touki? Bem, tenho que me despachar, senão chego atrasado.
E começa-se a vestir, mas, de repente, lembra-se de algo.
Kazuo: É verdade! Tenho que preparar o lanche para o meio DB manhã!
O tsukaito acelera e, vestido à pressa, desce até à cozinha, apenas para ver a sua lancheira vermelha pronta e respirar de alívio.
Kazuo: Ufa... Parece que o Hajime me safou...
De lancheira na mão, Kazuo regressa ao quarto, prepara a mochila, pega nas suas chaves e sai de casa.
?: Oi.
Assustado, o jovem ruivo olha para o lado e depara-se com um dos alunos de Noburo, Iwao.
Kazuo: Iwao?! O que é que estás aqui a fazer? Como é que sabes onde moro?
Iwao: Conto-te pelo caminho.
Os dois tsukaito's começam a caminhar rumo à escola.
Iwao: O mestre pediu-me para ficar de olho em ti, para o caso de seres atacado, então segui a tua energia.
Kazuo: Seguiste a minha energia? Consegues fazer isso?
Iwao: Claro. É um dos básicos. Quando o teu fluxo de touki estiver equilibrado aprenderás a fazê-lo.
Kazuo: Hm... Então posso ser sempre seguido por utilizadores de touki, certo?
Iwao: Até aprenderes a suprimir a tua energia, sim. Mas isso também só pode ser aprendido com o fluxo equilibrado.
Kazuo: Hm...
Iwao: (Ele parece estar bem mais descontaído do que ontem. Devem ser aquelas tareias que o deitam abaixo...)
Kazuo: O que mais é que vou aprender?
Iwao: Tirando o que está relacionado com a tua habilidade, vais aprender, como já disse, a suprimir o teu touki, sentir o dos outros, e vê-lo, que ainda não consegues, certo?
Kazuo: Sim, só consigo sentir o meu.
Iwao: Não sei como vai ser no teu caso, mas eu só comecei a trabalhar a minha habilidade depois de dominar os básicos.
Iwao lembra-se de algo.
Iwao: Já agora, o que é que sentes quando a usas?
Kazuo: Um formigueiro e algum calor. Porquê?
Iwao: Onde é que o sentes?
Kazuo: No corpo todo. Por isso é que não o consigo usar enquanto ando. Perco a concentração assim que meto o pé no chão.
Iwao: Ah, ainda não o consegues focar então.
Quanto ao formigueiro, é normal. Depois habituas-te a essa sensação. Passado algum tempo, ela torna-se tão natural que já nem dás por ela.
Os dois tsukaito's chegam à escola e Iwao fica com um ar mais sério.
Iwao: Quando é que aquele tipo te costuma chatear?
Kazuo: Por norma é à saída.
Iwao: Então espera por mim antes de saíres, ok?
Kazuo: Ok.
Iwao: Se ele te apanhar antes disso, usa o teu touki para me avisar e ataca o ponto mais fraco de que te lembrares assim que vires que ele está confiante.
Kazuo: E fujo para o portão.
Iwao: Ou isso ou aproveitas o momento de vulnerabilidade para atacar outros pontos igualmente fracos. Analisas a situação e vês o que é o melhor a fazer.
Kazuo fica pensativo.
Iwao: Bem, tenho que ir para a aula. Tenta não estar no chão quando eu chegar.
Kazuo: Também tenho que ir.
Os dois separam-se, rumando cada um à sua sala.
Ao chegar à sala, Kazuo vê Moriko, que, mal o vê, lhe deita logo um olhar sedento de sangue. Cheio de medo, o jovem tsukaito baixa um pouco a cabeça e afasta logo o olhar.
Kazuo: (Se o Iwao não chegar a tempo, acho que hoje não sobrevivo...)
O professor, alto, de óculos de lentes redondas e camisa branca, chega e dá início à aula. Durante toda a aula, Moriko não tirou os olhos de Kazuo.
Passado algum tempo, ouve-se o toque da saída. Todos os alunos começam a sair das suas salas, e o bully não é excepção. No entanto, antes de sair, este passa por Kazuo e dirige-se a ele num tom bastante frio.
Moriko: Já sabes o que te espera à saída. Traz o teu amigo.
O rufia sai da sala e, pouco depois, a sua habitual vítima segue o seu exemplo. Fora da sala, Kazuo manifesta o seu touki por breves instantes, de forma a avisar Iwao sem sentir grande dormência.
Do outro lado da escola, Iwao sente essa mudança e parte imediatamente na direcção do seu colega.
Iwao: (Não demorou muito...)
Passados alguns minutos, os dois tsukaitos encontram-se, porém, o mais velho estranha quando não vê Moriko.
Iwao: Então? Onde é que ele está?
Kazuo: Ele deixou um recado antes de sair da sala. Avisou que ia esperar por mim à saída e disse para te levar comigo.
Iwao: Depois da humilhação de ontem, o mais certo é trazer companhia, para se vingar. Se viesse sozinho, duvido que te avisasse.
Kazuo: Pensei no mesmo. Por isso é que te quis avisar.
O toque da entrada soa.
Iwao: Fizeste bem. Assim já sei com o que vou lidar.
Kazuo: Já tocou para a entrada. É melhor ires andando.
Iwao: Sim, senão ainda levo falta.
Os dois regressam às respectivas salas.
Algumas horas depois, no final da manhã, o toque da saída soa, e muitos alunos, esfomeados, abandonam a escola em passo de corrida.
Entre eles não está Kazuo. Este, amedrontado, dirige-se lentamente ao portão, para não chegar muito antes de Iwao. Do lado de fora é possível ver Moriko e quatro seguidores seus à espera dos tsukaito's, que entretanto se encontram.
Iwao: Parece que eles já ali estão.
Moriko faz sinal para o seguirem e os cinco rufias começam-se a afastar do portão.
Iwao: Sim, é melhor tratarmos disto onde não sejamos vistos. Já sabes o que fazer caso seja necessário, certo?
Kazuo: Sim...
Kazuo e Iwao seguem o mesmo caminho e os sete acabam por chegar a uma rua estreita, aquela onde, no dia anterior, Kazuo foi espancado impiedosamente. Moriko pára.
Iwao: (Este deve ser o território dele... Tenho que ter cuidado, não vão haver mais tipos escondidos...)
Moriko: Aqui está bom.
Última edição por The Maggot em Ter Jun 10, 2014 8:30 pm, editado 3 vez(es)