Depois da review à manga de Morikawa, Hajime no Ippo, quatro meses depois regressamos com a obra 20th Century Boys, de Naoki Urasawa – o mesmo mangaka de mangas como Pluto, Billy Bat ou Monster, portanto não se admirem se algumas personagens terem um design semelhante – um dos mangakas mais bem referenciados mundialmente, e para quem já leu algumas das suas obras com certeza concordará comigo quando digo que merece tal reputação. Foi publicada na revista “Big Comic Sports” desde 27 de Setembro de 1999 a 24 de Abril de 2006.

((Nota do autor: Quem não leu a obra pode ler esta review à vontade. Escrevi-a com atenção de modo a não passar qualquer spoiler aos leitores. Obrigado.))

Muito bem, feita a introdução passemos ao conteúdo principal deste pequeno texto:

A personagem principal desta história é Endo Kenji. Kenji outrora sonhava em ser um guitarrista por influência de músicos como Bob Dylan ou Jimmy Hendrix – uma vez que nasceu algures nos anos 60 - a verdade é que ele chegou mesmo a tocar numa banda, mas nunca conseguiu atingir qualquer sucesso, sendo que actualmente trabalha na loja de conveniência da sua mãe. Para além disso, Kenji é quem cuida da sua sobrinha, Kanna, pois a sua irmã abandonou-a. Enquanto a história avança, temos vários ‘flashbacks’, onde observamos Kenji como criança, juntamente com o seu grupo de amigos. Durante essa altura, o grupo fez duas simples ‘brincadeiras’, que mais tarde tornar-se-iam duas grandes ameaças à humanidade, uma história contada através de desenhos num caderno denominado de "Livro da profecia" e um símbolo.

A vida de Kenji muda por completo quando começa a ver esse símbolo em praticamente todo o lado… Ao mesmo tempo, um enigmático mascarado – o grande antagonista da história - ia ganhando reputação ao fazer as pessoas acreditarem que ele era um deus ou um milagreiro. Esse homem utilizava o mesmo símbolo que o grupo de amigos de Kenji utilizava, o que apenas podia querer dizer que esse homem era um dos amigos de infância do protagonista. Faltava saber qual…


Não ali assim tantas mangas, mas esta é a única obra que não tenho nenhumas dúvidas quanto à nota que lhe dou neste contexto. O enredo de 20th Century Boys, é do melhor (se não, andará lá perto) que o leitor irá encontrar. Contando com uma história incrivelmente complexa e um ambiente escuro, porém realista, esta obra tem a combinação perfeita para um excelente thriller psicológico, e Naoki Urasawa soube somar as parcelas de modo a obter um produto de qualidade. Não digo mais porque acabaria por soltar algum spoiler, e acreditem em mim, ninguém merece ser spoilado em 20th Century Boys.
Lembro que quem não for fã de mangas complexas e talvez, complicadas de entender à primeira vista ou estiver à espera de uma comédia não deve ler esta obra. O único ponto negativo que posso apontar, é que o fim é ligeiramente apressado, ficando por explicar alguns pormenores. Mas tudo, ou quase tudo foi explicado na sequela, 21st Century Boys.


“Não recebe o 10 então porquê oh Male?” Porque apesar de ter um grande lote de grandes personagens de qualidade, falta alguma coisa. Vivendo num ambiente aterrorizador durante uma certa parte da história é complicado ter uma personagem típica de por exemplo, um Shounen. Dando um exemplo de uma personagem semelhante ao que me refiro: Naruto. Falta uma personagem sorridente e carismática. E apesar de concordar a certo ponto com a falta dessa personagem, porque sejamos sinceros, é muito difícil encontrar pessoas com essas características no dia-a-dia, quanto mais em 20th Century Boys, acho que uma personagem com as características citadas acima apenas melhorava o conjunto de personagens na mão de Naoki Urasawa para fazer uma manga ainda melhor.
Mas 9 não é uma má nota, até pelo contrário. 20th Century Boys tem excelentes personagens tal como já referi, e preparem-se porque algumas delas podem facilmente entrar no vosso top de preferência. Falo tanto nas personagens principais, como nas secundárias. .


A arte de Urasawa é excelente, mas na minha opinião falta algo para atingir a perfeição. Mas lá está, posso facilmente mudar de opinião e amanhã dar-lhe a pontuação máxima. Mas pontuações à parte, a arte de 20th Century Boys é uma das melhores artes em mangas. Do que li, posso dizer que apenas Murata Yusuke (Eyeshield 21 e One Punch Man) o supera. As personagens também têm um bom design, de mencionar o antagonista, Friend. Depois de saber toda a história por de trás daquela máscara ainda mais vão gostar. Outras personagens apresentam um design realista, tanto que acho que uma das personagens, Yoshitsune, parecido a um tio meu. Mesmo sendo asiático.


Esta manga com a história que tem só pode levar nota máxima no entretenimento, embora tenha tido algumas dúvidas. De vez em quando, é normal o pace da história baixar um pouco de ritmo e este desenvolver-se mais lentamente, mas no fim acaba por valer a pena porque todos aqueles plot twists que enfrentamos deixam-nos incrivelmente satisfeitos. Há também algumas mudanças ligeiras de plot mais para a frente (quando lerem irão perceber do que estou a falar), o que pode fazer o leitor demorar um pouco a acostumar-se às mudanças que ocorreram.  Um dos meus comentários mais frequentes quando falo desta obra é “Eu nem consigo chorar. É um ambiente muito mais sério e deprimente do que emocionante. Tanto que nem sequer consegues chorar porque sabes que aquilo é algo demasiado sério para chorares” Acho que valeu a pena dizer isto para os interessados.


Recomendo plenamente 20th Century Boys a todos aqueles que procurem um thriller sério, escuro, psicológico e complexo. A partir do capítulo 20 (por volta disso) já sentem aquele cheirinho a masterpiece. São 249 capítulos no total, todos eles muito épicos e com muitas reviravoltas excitantes. Depois de lerem esta obra, podem e devem ler a sequela, 21st Century Boys, que explica o que ficou por responder na sua prequela.

Sinceramente, gostei mais da review de Hajime no Ippo, talvez por ser algo mais ‘vulgar’ (sem ofensa à obra ou ao autor como é claro) e que se pode descrever com mais facilidade. 20th Century Boys é único e só se pode compreender depois de ser lida na sua totalidade. Espero que tenham gostado e até à próxima.

Eu discordo com a tua opinião e gostei mais desta review. Abordaste os temas quase sempre de forma objetiva e apontaste os pontos positivos e negativos. Mas no entanto, lá está, tal como na outra review, acho que é pouco profissional comparares a outras obras (a não ser que sejam do mesmo autor).

Relativamente à obra, é talvez a segunda melhor que já li, vindo por pouco atrás de Monster, que é do mesmo autor. Discordo quando disseste que a história precisava de um Naruto. Não há Narutos na vida real, e sendo 20th Century Boys suposto simular um cenário realista, uma personagem com a mesma personalidade estaria fora do contexto e ultimamente não estaria bem lá no conjunto. Principalmente se fosse uma das personagens principais.

Doc. escreveu:Eu discordo com a tua opinião e gostei mais desta review. Abordaste os temas quase sempre de forma objetiva e apontaste os pontos positivos e negativos. Mas no entanto, lá está, tal como na outra review, acho que é pouco profissional comparares a outras obras (a não ser que sejam do mesmo autor).

Relativamente à obra, é talvez a segunda melhor que já li, vindo por pouco atrás de Monster, que é do mesmo autor. Discordo quando disseste que a história precisava de um Naruto. Não há Narutos na vida real, e sendo 20th Century Boys suposto simular um cenário realista, uma personagem com a mesma personalidade estaria fora do contexto e ultimamente não estaria bem lá no conjunto. Principalmente se fosse uma das personagens principais.

Em relação ao primeiro parágrafo, falas da parte em que falo de One Punch Man e Eyeshield 21? Não comparei obras, apenas disse que acho Murata Yusuke superior a Naoki Urasawa, estou sim a comparar os dois mangakas. Falei nessas duas obras para o pessoal que não conhecesse o Murata ter uma noção de quem ele é.

Eu mencionei isso no meu post. É raro encontrar Narutos no mundo real, quanto mais no mundo de 20th Century Boys. Acho que o Yoshitsune se enquadra um pouco quando falo de carismático e sorridente, mas whatever.