1 [WS Red] One Shots, pequenos textos e fics antigas Sex Jan 17, 2014 12:18 am
Makaveli
Legendary
Não esperem nenhuma masterpiece, é apenas uma pequena história
Quem é Joe Vicious? Todos o conhecem, porém ninguém o conhece.
Vive-se o ano de 2000 na maioria do planeta, numa localização ainda afogada no ano de 1999, fazia-se a contagem para o novo milénio.
3! 2! 1! 0!!
O fogo-de-artifício era reflectido no rio principal da cidade de Buffalo, nos Estados Unidos da América. Joe Vicious injectava-se com uma seringa já bastante gasta e suja debaixo de uma velha e não utilizada ponte.
Joe possuía longos e lisos cabelos loiros, olhos castanhos, cor de avelã, e tinha a parte inferior coberta por uma barba por fazer. Vestia uma camisola branca com bastantes manchas e um casaco cor de mostarda. O homem tinha 31 anos de idade, cheirava a cavalo e era apenas uma sombra do que era antigamente. Era um toxicodependente que passava a maior parte dos seus dias a olhar o reflexo dos arranha-céus de Buffalo no rio iluminado pelas estrelas e pela lua.
Joe Vicious levantou-se depois de largar a seringa no chão e caminhou até às escadas sem a mínima postura, com ar de moribundo. Subiu-as com grande esforço e caminhou pelas estradas desertas. Podia-se ouvir os gritos alegres e bêbedos do espumante.
-Feliz ano novo, Joe Vicious… - Disse para si mesmo. Repentinamente, o loiro desmaiou, caindo de cara no chão, antes de contorcer o corpo todo.
Passaram-se alguns dias. Joe acordou finalmente num quarto decorado com algumas fotografias de família, pintado de branco. Um homem algo gordo, careca e com um grosso bigode abriu a porta (vestia uma camisa branca e umas calças negras) e colocou-se frente ao Vicious, que o olhava intrigado.
-Finalmente acordou s-senhor. – O homem parecia algo embaraçado e melancólico.
-Quem és tu? Onde estou? – Perguntava o ‘drogado’ com a mesma expressão.
-Está em minha casa, no quarto da minha filha. É exactamente dela de que quero falar, senhor…
-Não, não sou senhor nenhum. Nem do meu destino senhor sou. – Falava exactamente com a expressão igual.
-Como queira, senh… Joe Vicious. – O homem pronunciou o nome de Vicious como se já o conhecesse. Conversava com as mãos juntas perto das pernas. – Sabe, a minha pobre Jackie foi raptada por Yakuzas japoneses, eles já me mandaram um pedido de resgate… Mas não tenho dinheiro para o pagar. Era um dos melhores médicos nos Estados Unidos, contudo, ganhei um problema cerebral, presume-se que venha a ganhar Alzheimer nos próximos 2 anos. No fim desses 2 anos não irei ser capaz de guardar uma memória… Gostava de passar esses anos junto à minha filha, gostava de pelo menos ter uma mera lembrança da minha Jackie, ela é tudo que me resta! Por favor, o máximo que lhe posso fazer já o fiz, tratei-o antes que morresse com a Overdose. Eles ameaçaram que iriam vende-la no porto daqui a 24 horas se não lhes pagasse. Sei onde eles estão, por favor, eu conheço-o, o senh… o Joe foi campeão mundial de artes marcias, é reconhecido mundialmente por esse título, sei que ainda é o mesmo apesar de tudo!
-Compreendo… Mas, não, já não sou o campeão mundial de artes marcias, sou apenas Joe Vicious, toxicodependente e vagabundo. – O loiro levantou-se da cama e seguiu com o homem pela casa. Tomou um banho e vestiu um fato preto, adornado com uma gravata também preta.
12 Horas depois
Eram cerca de meia-noite. Joe estava frente a um armazém, pegou num cigarro e levou-o à boca, acendendo-o depois. Abriu o portão principal, iluminando o interior barulhento. Uma dezena de homens brancos asiáticos jogavam às cartas numa enorme mesa, dois caíram com a cara na mesa enquanto sangue escorria-lhes pela cabeça. Vicious continuava a disparar, matando mais uns quantos, enquanto os restantes fugiram da divisão.
Joe Vicious correu atrás dos homens, seguia-os por uma sala, quando foi encurralado por 3 homens com cerca de 2 metros de altura. O loiro pontapeou o peito de um, aproveitando a posição para se impulsionar no ar e disferir um pontapé rotativo na cabeça dos 2 restantes. Prosseguiu por uma porta onde mais alguns asiáticos o esperavam com catanas. Cerca de 5 avançaram sobre ele, um par foi alvejado na testa, os restantes tiveram as suas catanas atiradas para longe com um pontapé. Foram depois alvejados várias vezes no peito, cada um. Joe prosseguiu pelo armazém, até chegar a uma porta. Abriu-a e desceu umas escadas. Lá em baixo estava uma jovem rapariga de cabelo ruivo. O homem confirmou a identidade da rapariga, observando a fotografia que trazia no bolso do seu casaco. Desapertou os braços dela e tirou a fita da sua boca.
-J-Joe Vicious!! – Gritava ela bastante emocionada enquanto se agarrava ao antigo lutador.
-Vamos sair daqui. - Com a jovem ao seu colo, Vicious levou-a para fora daquele armazém. –Fizeram-te alguma coisa?
-N-não… Mas estavam a falar em vender-me… Graças a deus que me salvaste, agora posso finalmente voltar a casa. Vou abraçar o meu pai, o retracto da minha mãe, o meu cão, vou tomar um banho, vou ler o novo capítulo de One Piece, vou comer e vou abraçar o meu pai outra vez!
-Sabes onde é que eles te iam vender? – Perguntou algo intrigado, o toxicodependente.
-Mais ou menos, penso que era na costa da Florida.
-Hum… Não fica muito longe daqui. – Murmurou, demostrando um vago sorriso.
Passaram-se algumas horas de caminhada. A jovem acordou com um intenso cheiro a maresia. -Hm? Onde estamos Joe? J-Joe? – A rapariga foi largada e bateu com bastante força na areia. Dois homens entregaram um maço de notas a Joe Vicious, que o guardou no seu bolso. -JOE? – A rapariga era levado para dentro de um barco enquanto tentava escapar, arranhando as caras dos homens. – JOE VICIOUS!!!! SEU FDP!! O MEU PAI VAI DESCOBRIR MALDITO SEJAS! NÃO PODES FUGIR PARA SEMPRE! – Gritava a jovem rapariga, a gemer bastante, com os olhos húmidos.
-Não… Não posso fugir para sempre. Não te preocupes com o teu pai, daqui a um par de anos ele já nem se lembra de ti… - Respondeu, soltando uma gargalhada depois.
Dito isto, o barco deixou a costa da Flórida, enquanto Joe Vicious, o toxicodependente caminhava pela praia.
Quem era Joe Vicious? Joe Vicious era um antigo campeão mundial de artes marciais. Deixou-se levar pela fama e acabou por perder todo a sua fortuna e tornar-se toxicodependente. Agora, todos os dias 31 de Dezembro, por volta da meia-noite, podemos vê-lo sentado debaixo daquela ponte abandonada de Buffalo, Noa Iorque, a injectar-se com aquela velha e gasta seringa ao som do fogo-de-artifício. Ela tinha razão. Não era nenhum senhor, nem do seu destino era senhor. De certeza que ele preferia dar uma alegria ao pai daquela jovem moça, mas acabou por escolher o que era melhor para si. De certeza que ele preferia estar a lutar nos campeonatos mundiais de artes marciais e ganhar de novo o título que tanto merece, mas prefere afogar-se nas drogas, pois é a única forma de se esconder daquele mundo corrompido.
Última edição por WS Red em Sáb Mar 08, 2014 12:56 am, editado 2 vez(es)