Warning: vários palavrões. Enjoy, I guess.
Capítulo 1 - Despair
Sirenes ecoavam por toda a cidade de Nova Iorque. Um crime acabara de ocorrer. Apenas uma situação normal para Nova Iorque, o costume. Três oficiais teriam sido assassinados a meio da patrulha. Uma situação frequente com que Max Dawson, o detective chefe do departamento policial da cidade, teria que lidar. Havia, contudo, uma pequena diferença. Os três oficiais eram amigos próximos com quem partilhava longas memórias. Enraivecido, mas mantendo o seu perfil de trabalho, o detetive de cabelo negro meditava com seriedade na sua mesa pessoal dentro do departamento, observando com atenção as poucas provas do ato e a informação relativamente ao único suspeito: Marcus Young. Um nome vulgar. Alguém que à primeira vista não teria qualquer ligação com as três vítimas.
A fria noite resplandecente abrigava muitos criminosos. Young não era excepção. O rapaz de vinte anos estava sem fôlego. Tinha bastantes dificuldades em respirar, devido ao facto de ter estado em fuga durante o dia todo. Deparava-se com um fétido, obscuro e sebento beco de uma das ruas de Nova Iorque, recheado de detritos e fezes, tanto de animais como de humanos. Não teria opção a não ser hospedar-se no local, principalmente com os inúmeros automóveis de patrulha à sua procura.
- … Foda-se… – Young estava em péssimo estado. Tremia bastante. A sua face era possuída de um tom encarnado, resultado do esforço físico. No momento que conseguiu recuperar o seu fôlego, retirou um maço de tabaco juntamente com um pequeno isqueiro prateado. Colocou o cigarro na boca. Pegou no isqueiro com ambas as mãos. Todavia, a sua preocupação possuiu o seu corpo e o americano deixou o objecto cair no álgido solo de betão. O silêncio apoderou-se do local durante alguns segundos, pelo qual foi interrompido com o cair de uma lágrima no pavimento. Com os olhos arregalados, várias lágrimas escorriam pela face do americano, algum ranho vertia pelo seu nariz.
- … Caraaaalhooo! Foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, foda-se, fohhrrgghh…! – Os seus inúmeros gritos de desespero complementados com os sucessivos socos na parede onde se encostava são interrompidos por uma chuva de lágrimas por parte de Young. O americano encolheu-se, num estado miserável, como se fosse apenas uma criança.
- Porque é que este tipo de merdas só me acontece a mim?! FODA-SE! – Levantava-se com alguma dificuldade da sua piscina e encosta-se novamente à parede, agarrando o seu ilustre cabelo castanho com as mãos, com a intenção de o arrancar, enquanto rangia os dentes e mais algumas lágrimas vetavam pelos seus olhos.
Tudo começou numa manhã de Verão. Há duas semanas, tinha acabado de acordar. Tomei banho, vesti-me e saí para ver o que tinha no correio. Era o costume: cartas para pagar as minhas dívidas. Já me tinha habituado a isso, infelizmente. Voltei para dentro de casa e tomei o pequeno-almoço, saindo logo depois procurar trabalho.
A minha busca não tinha dado frutos, como sempre. Nunca iriam empregar alguém com pouca ou nenhuma experiência. Regressei para casa e deparei-me com alguém conhecido.
- T… Tu?
Um ruído interrompe a linha de pensamento de Young. Era apenas uma ratazana que remexia pelos resíduos no meio do beco. O coração do americano parara por uns segundos, mas quando avistou o animal foi capaz de respirar novamente. Todavia, o perigo não terminava por aqui. Ouvia o barulho de umas sirenes a aproximar-se cada vez mais da sua localização. Espreitou para o bairro no exterior, apenas para se deparar com vários automóveis da polícia a patrulhar. Ficou aterrorizado.
- FFFF… – Trincou o lábio inferior para se impedir de fazer barulho. Ergueu-se lentamente e começou a caminhar em direção ao exterior silenciosamente. Ajeitou o seu casaco negro de modo a que este pelo menos cobrisse uma parte da sua cara. Porém, não iria ser assim tão fácil escapar. Tropeçou num caixote do lixo, deitando este a baixo. Atraiu as atenções para si e não demorou muito para os oficiais repararem em quem era. Começaram dois polícias a persegui-lo. Young estava agora na pior posição da sua vida. Correu com toda a sua força, em direção a um conjunto de escadas descendentes uns metros à sua frente. Desceu e deparou-se com um porto. Não tinha escapatória.