Uma cena deveras comovente acontecia nas ruas, enquanto dois homens conversavam um jovem apenas observava com olhos atentos e cheios de ganância, de um beco um pouco afastado.
Este era Hakashi, em um passado não muito longo o jovem era um prodígio, fazia pesquisas e estudos sobre ciência, tendo por diversas vezes salvado vidas de pessoas acidentadas, bem como explorado os corpos de cadáveres violados, mas como já foi dito nesta descrição este foi só o passado.
Sem condições de continuar a estudar o rapaz caiu no fundo do poço e do ridículo, se viciar em uma substância que ele mesmo havia desenvolvido, todo seu futuro brilhante estava manchado, uma praga vitalícia. Suas mãos um dia deveras hábeis e cirúrgicas não haviam perdido a capacidade principal e a magia, mas hoje suas habilidades eram utilizadas para pequenos furtos, (
as ruas desta cidade - que ele não lembrava como e quando havia chegado lá estavam repletas de turistas, presas fáceis) para manter vivo o vício e o viciado que se encontrava sem esperanças.
As convicções do ex-médico eram as mesmas, não tinha um mal semblante e não machucava terceiros, apenas a si mesmo com as próprias ações... Depois de alguns segundo os tremores aumentaram, o corpo e a mente necessitavam de mais estímulos, por isso rapidamente o jovem (
deveras irreconhecível) se afastou, não queria continuar aquela penitência, mas não queria atrapalhar o reencontro.
Enquanto se afastava, com passos falhos e fracos, as mãos foram levadas e em seguida retiradas dos bolsos, agora em cada uma delas havia uma seringa: em uma a possibilidade de ter mais algumas horas de prazer, em outra estava o fim do maior experimento e bem como da maior falha da vida de Hakashi, ele mesmo.
Sentado escondido da luz do sol uma seringa já estava vazia, ele era covarde demais para morrer de uma forma dolorosa, e só depois dos efeitos do alucinógeno estimulante começarem que a outra ponta afiada penetrou a pele branca e ressecada de seu braço.
Depois de acabado o processo os pensamentos de Hakashi aumentaram exponencialmente, e todos os fatos da sua vida rapidamente passaram em sua cabeça, era de se esperar que o arrependimento batesse, não por ter ali acabado o último relatório silencioso de sua vida, mas por ter feito decisões que acarretaram na destruição de seus sonhos.
O que está feito, está feito... E com um sorriso no rosto e uma lágrima esquerda e solitária o garoto apenas se entregou e deixou sair sua última palavra:
-Adeus...